Biodiesel

RESENDE - RJ - Iniciado em dezembro do ano passado, o projeto Viva Óleo vem ajudando as donas-de-casa e os estabelecimentos comerciais a fazer o descarte do óleo de cozinha. A idéia, dos irmãos Leonardo e Gabriel Aguiar, 21 e 18 anos, respectivamente, e de Mateus Cardoso, 19, está ajudando não só a preservar o meio ambiente como os estabelecimentos públicos de ensino, uma vez que o óleo de cozinha entregue pelas donas-de-casa, restaurantes e condomínios é revertido em pontos de acordo com um calendário que se transformam em prêmios de materiais didáticos, informática e esportes para as escolas escolhidas pelos doadores.

No final, todo o óleo de cozinha recolhido é transformado em matéria-prima para a produção de biodiesel.

“O projeto surgiu quando tivemos a curiosidade de saber como se transforma óleo de cozinha em biodiesel. A partir de então iniciamos uma série de pesquisas e visitas a outras cidades que já trabalhavam em projetos parecidos para buscarmos não só conhecimento sobre o potencial e as necessidades da nossa região para viabilização do projeto”, diz Leonardo Aguiar, um dos empreendedores do projeto, ressaltando que a princípio a intenção parecia ser apenas de preservar o meio ambiente, não jogando o óleo de cozinha nos rios ou na terra. “Depois percebemos que uma boa idéia sempre se encaixa a outras. Começamos a indagar sobre o porquê de não trabalhar em conjunto com os estudantes na conscientização deles e transformá-los em disseminadores da idéia para toda a sociedade.Também surgiu o pensamento de trabalhar em conjunto com as empresas da região para formar parcerias para viabilizarmos o projeto Viva Óleo, que ajuda nas doações dos materiais para as escolas públicas do município”, explica.

O empreendedor, junto com o irmão e o amigo Mateus tiveram que gastar sola do sapato para colocar o projeto em campo, batendo de porta em porta para divulgá-lo. “Depois de muito correr recebemos várias sugestões de órgãos públicos que já desenvolviam projetos parecidos e tivemos a necessidade de abrir uma microempresa, a Ecoleta Comércio e Serviços de Reciclagem, para respondermos legalmente pelas nossas ações, pois esta é uma atividade que se não for desempenhada com seriedade e competência pode causar vários danos ao meio ambiente”, diz Leonardo, agradecendo à comunidade resendense que vem aderindo ao projeto. “Hoje o projeto Viva Óleo está aí, tomando as ruas e recebendo adesão das pessoas e das empresas. Continuaremos batalhando pelos interesses do Viva Óleo, que são interesses de toda a sociedade: preservar o meio ambiente e contribuir com o desenvolvimento sustentável. Aliás, ele é a expressão-chave da nossa idéia. É fantástico trabalhar aliando ao desenvolvimento econômico com a manutenção da qualidade de vida e do meio ambiente. Tenho orgulho de ser jovem e poder dizer que trabalho para que nossos filhos e nossos netos possam respirar o mesmo ar puro que respiramos, beber a mesma água limpa que bebemos e viver com a mesma qualidade que vivemos”, emociona-se um dos idealizadores do Viva Óleo.

“Não temos interesse de apenas ir aos grandes estabelecimentos que produzem milhares de litros de óleo saturado, pegar aquilo e passar para a frente sem saber para onde vai e o que vai virar. Nosso gosto mesmo é quando podemos interagir com as pessoas, conscientizá-las sobre os problemas que o descarte inadequado daquele meio litro de óleo de cozinha que ela produziu vai provocar um caos no meio ambiente, principalmente nos rios. Queremos é mostrar para elas que existe uma solução simples e prática que está a seu alcance”, diz Matheus Cardoso, lembrando que “o objetivo do projeto é promover o desenvolvimento sustentável de toda a sociedade partindo da conscientização sobre o uso racional e os devidos cuidados no descarte dos óleos vegetais utilizados na preparação de alimentos, seja em caráter doméstico ou comercial”.

“Achei a idéia desses jovens genial. Porque a gente não sabia o que fazer com o óleo utilizado para fazer os alimentos. Eu já cheguei a jogar várias vezes no ralo da pia ou até no quintal de casa, pois não sabia como me livrar do óleo já utilizado”, diz a dona-de-casa Irenice Ferreira, que desde que soube do projeto está armazenando todo o óleo de cozinha em garrafas Pet para serem recolhidas pelo projeto Viva Óleo.

Como funciona o projeto Viva Óleo

Revista BiodieselBR - Capa edição n 4
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O projeto funciona com a criação de Ecopontos, locais de fácil acesso dentro de uma comunidade, por exemplo, condomínios, estabelecimentos comerciais como restaurantes e fábricas, para que esses moradores ou usuários do óleo vegetal armazenem em garrafas PET ou outros recipientes fechados dentro das lixeiras exclusivas para coleta do produto que serão disponibilizadas gratuitamente pelo Viva Óleo. “Em sua maioria os Ecopontos estão montados em condomínios residenciais ou industriais, supermercados, mercearias, postos de gasolina, sedes de associações de moradores, escolas, entre outros estabelecimentos. Há também casos de bairros onde um morador poderá usar sua própria residência como Ecoponto, sempre com os devidos cuidados e por livre vontade. Depois de fechada a parceria, as pessoas juntam os óleos de cozinha e semanalmente nós passamos pelos locais fazendo o recolhimento do produto descartado”, explica Leonardo, salientando que o óleo descartado recebe tratamento de limpeza e coagem para a retirada de resíduos e armazenado por até três meses para ser enviado à usina de biodiesel da região. “Todo o óleo coletado será destinado a empresas que tenham certificações legais para trabalhar com esse tipo de resíduo. Como o Viva Óleo parte do princípio do desenvolvimento de nossa região e está sendo implantada em Resende uma usina com capacidade para produzir biodiesel a partir do óleo de cozinha usado, objetivamos esse caminho para todo o óleo arrecadado como incentivo à produção e à geração de emprego e renda”, explica Leonardo. Além disso, ainda para essa tomada de decisão foram identificados outros aspectos, como os benefícios da utilização do biodiesel versus diesel tradicional. “O biodiesel apresenta vários benefícios para o meio ambiente, como a menor quantidade de gases poluentes emitidos na atmosfera, a redução da dependência dos combustíveis fósseis, o auxílio na alavancagem do domínio da tecnologia da produção desse tipo de combustível pelo Brasil”, diz o empreendedor, comentando que “existem várias possibilidades para utilização do óleo, como fabricação de sabão, cosméticos, biocombustíveis, energia, entre outros”.

Nesses quase dois meses de implantação do projeto Viva Óleo são recolhidos por semana cerca de 50 litros de óleo que já está armazenado para ser vendido para a Usina de Biodiesel de Resende que deverá em funcionamento no final do próximo mês. “Um ponto do projeto também serve para incentivar a produção de Biodiesel da Usina de Resende, principalmente neste início de atividades. Já temos mais de 500 litros de óleo para ser comercializado com a usina e o melhor, evitamos a poluição de de mais de 500 milhões de litros de água!”, completa.

No caso de não haver nenhum Ecoponto próximo ao local, pode-se ligar para o Disque Viva Óleo e solicitar a coleta. Basta juntar uma quantidade igual ou superior a dois litros de óleo e ligar para Disque Viva Óleo que funciona pelo telefone (24) 3355-3937. “Através desse telefone a gente indica o local mais próximo para o descarte do óleo vegetal já utilizado. Atualmente, bares, restaurantes, lanchonetes, pastelarias, bufês, entre outros estabelecimentos estão se transformando em Ecopontos particulares. Isso porque eles recebem bombonas, com lacre de segurança, para armazenar o óleo somente de sua produção”, frisa Aguiar, informando que o projeto Viva Óleo funciona de segunda a sexta-feira, das 9 às 17 horas.

Premiação para escolas públicas
Segundo Leonardo, os Ecopontos coletivos escolhem uma escola da rede pública para receber a premiação de acordo com a quantidade arrecadada de óleo vegetal usado pelo projeto Viva Óleo, através do título de incentivo na participação. “A cada cinco litros de óleo a escola ganha um ponto. Os pontos são cumulativos e servirão de moeda de troca para os produtos do Catálogo de Troca. Para receber o produto, cada escola precisa ter no mínimo cinco pontos e o máximo de dois mil pontos”, explica Aguiar, salientando que os Ecopontos que não se enquadrarem no critério de escola da rede pública serão considerados patrocinadores. “Dessa maneira, o total de óleo recolhido nesses locais será contabilizado para uma escola que ele determinará no ato de sua inscrição”, diz.

Os produtos relacionados no Catálogo de Troca são baseados nos preços de mercado e podem variar. Contudo, sempre que houver alteração na quantidade de pontos ou do produto, o Viva Óleo divulgará através do site www.vivaoleo.com.br.

Os produtos serão fornecidos pelos Parceiros Fornecedores do projeto: equipamentos de informática - FlyNet Informática; material esportivo - Loja Playboy e material didático - Papelaria Caçula. “O prazo para entrega é de até 30 dias, corridos da data da solicitação, valendo sempre a quantidade de pontos do produto no ato em que foi solicitado, sendo os pontos descontados no ato da solicitação. A entrega será feita pelo Viva Óleo e, em caso de troca do material por defeito, este não pode apresentar registros de utilização e/ou violação intencional ou culposa”, conclui.

Cyntia Freitas

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